quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A Sabedoria

Nos confins da bela Roma, estava sentada a Sabedoria em pleno Coliseu, onde milhares de mártires aconteceram, quando aproximou-se o Século XXI com sua beleza juvenil que parecia ser eterna, chegou meio apressado como se tivesse um compromisso logo em seguida:

-Séc. XXI : Bom dia, Sabedoria! A senhora pode informar-me as horas?! – a sábia sem possuir relógio algum, olhou para a altura do sol e disse:

-Sabedoria: São 4 horas da tarde, meu filho! Por que tanta pressa? – perguntou a Sabedoria.

-Séc. XXI: Não tenho um motivo exato para ter pressa, mas como tudo hoje se trata através do imediatismo, acostumei a estar sempre correndo! O que está fazendo aqui...sentada?!

-Sabedoria: Estou a pensar em como as pessoas e os tempos mudam, mas não deixam de ser quem são e no final acaba sendo tudo muito parecido.

-Séc. XXI: Ah não! Tenho que discordar. Nós somos mais beleza, mais juventude, mais tecnologia...

-Sabedoria: Mais pressa, mais imediatismo, menos inteligência, menos persistência, menos determinação, mais posse, menos sentimento, mais corpo, mais carne!

-Séc. XXI: Do que está falando?! A senhora está sentada onde muito sangue foi derramado, isso é inteligência?!

-Sabedoria: Sim! Naquela época não havia muito o que se fazer. Não havia tecnologia como forma de entretenimento e o povo exigia isso! A chamada Política do Pão e Circo, apesar de hoje ser considerada um abuso e um afronta a inteligência do povo, na época foi uma forma inteligente de se fazer política!

-Séc. XXI: É, pode até ser, mas o imediatismo é muito mais interessante!

-Sabedoria: Não sei se é o melhor, mas com certeza é muito agressivo! Não dá liberdade para conhecer; trata as pessoas como objetos; cria expectativas e conseqüentemente acaba levando ao sofrimento.

-Séc. XXI: Hum...

-Sabedoria: Sim! Muito sangue foi derramado aqui, mas e hoje? Quanto sangue continua a ser derramado nas guerras sem um objetivo plausível, se é que há um objetivo plausível pra se fazer guerra.

-Séc.XXI: ... – neste momento o séc.XXI permaneceu em silêncio para ouvir a sábia voz.

-Sabedoria: A sede de posse sobre territórios ; a não aceitação das diferenças; o querer e o mais querer sem muito esforço e sem necessidade de conquista, têm tornado o ser humano como um simples objeto que ao invés de comandar a sociedade ela é que o comanda! Posso ler um pequeno texto que escrevi, caro Séc.XXI?

-Séc.XXI: Pode sim! – respondeu já sem muita pressa.

Sabedoria:
Não quero ver o teu sangue escorrendo nem quero ver seu rosto molhado
Quero ver paz, simplicidade e humildade!
Quero poder estar sem a necessidade de estar!
Quero sinceridade e lealdade!
Onde foi parar o romantismo?
As pessoas não reconhecem mais o próprio corpo!
Acreditam que podem não se responsabilizar pelos próprios atos!
Divertem-se de forma inconsciente e viciante!
Esquecem que são donas de si mesmo, mas acham-se no poder de mandar e tomar para si o outro!
São teimosas!
Não aceitam que erram e nem conseguem pedir perdão!
Jogam com sentimentos! Isso é tão baixo.
Hoje em dia o sexo é apenas sexo! Não há sentimento!
Poucos se preocupam realmente com isso!
Esquecem que tocar a pele é muito mais que isso! É poder senti-la e tornar-se um só!
Hoje, pulam-se fases da vida tudo devido ao imediatismo e a sensualidade exarcebada!
Sabe o que eu quero de verdade?!
Respeito, qualidade, senso crítico e sabedoria, porque a partir do momento em que eu não tiver nada para aprender nem transmitir; quando tudo já tiver chegado ao meu conhecimento não terei motivos para continuar a viver, mesmo que por amor, pois eu jamais o destruiria com a falta de algo saudável para compartilhar
.”

Então, com toda sutileza possível, o Séc. XXI olhou para o texto, que ainda estava nas mãos da Sabedoria e ali viu algo um tanto estranho para tanto saber: “ Escrito por Sabedoria no dia 14 de Janeiro de 2009, cujo nascimento ocorreu no ano de 1983 ”

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Tudo que fazes retorna a ti. Cuidado com o que dizes, pois as palavras não voltam!

5 comentários:

Anônimo disse...

muito bom seu texto
depois dessa
vo até tomar cuidado
com o q falo perto de vc xD
huahauhauahuahau
sou seu fã minha pequena poetiza
beijo grande do seu amigo aki
=D

Anônimo disse...

Putz, essa é minha amiga!
mega talentosa!
uhuuuuuuuuuuu
bate aqui o/
parabens Castro, seu texto é muito bom..
adorei!
bjooooooooo

Teko Grande! disse...

De fato a regra atual é a dinâmica e capacidade de adaptação, no entanto, não há que ser confundir com imediatismo.
Talvez a pressa não nos permita o que há de melhor nessa vida, compreender o que somos, o que sentimos, o que nos move e o que nos leva a respirar dia após dia.

Em razão da minha filosofia "marcha lenta" e minha necessidade compreender todos os processos eu acabei que fascinado pela SABEDORIA! (Hehehehe)

Abraço forte e continue a escrever. Verbalizar o que se pensa, ou no caso, rascunhar, é um dos recursos para melhor compreensão.

Até!

Priscila Castro disse...

Peço desculpas, pois havia cometido um erro de localidade gravissímo, porém já o corrigi!

Espero que nos p´roximos textos alcance a grandeza dos demais textos de Priscila Castro Alves, como diz um amigo.

É...não dá pra agradar a todos!

beijos

Unknown disse...

Nossa! Seja lá o que for que você está tomando, de dá um pouco disso ai... hehehe

Você é realmente muito criativa!

E quanto ao texto em si, acho apenas que não se trata do "homem moderno/pós-moderno/contemporâneo", mas sim do "homem".

Todos os comentários que teceu ao homem do "séxulo XXI" são caracteristicas quase inerentes à nossa espécie.

Os mais velhos sempre dizão que na sua época, as coisas eram melhores, as pessoas eram mais amistosas, havia menos ganância, e tal e coisa... (veja bem, eu mesmo faço esse tipo de alusão quando converso com vocês, novinhas, aqui! hehehe).

Paz e humildade não existem "in natura". Simplicidade muitas vezes é socialmente imposta.
Sinceridade e lealdade sempre existiram, mas dirigidas à poucos.
O romantismo? Para que serviria o romantismo hoje? Talvez o romantismo tenha surgido apenas como forma de consolo para aqueles que buscavam, por exemplo, o sexo, mas para tal precisavam seguir uma longa cadeia de eventos que iam do segurar mãos à lua de mel.

As pessoas nunca aceitaram seus corpos, mas eram conformadas com eles. O homem, naturalmente, não aceita seus erros e o perdão é para muito poucos. Jogar com os sentimentos é o mais antigo dos nossos jogos.

A verdade é que o homem sempre foi tudo isso que você disse. A grande diferença é que antigamente os códigos de conduta e morais da sociedade eram mais rigidos, enquadravam os homens. O homem não se tornou algo corrompido.
Talvez seja corrupção pura. Talvez sejamos realmente apenas animais que outrora foram bem domesticados, e hoje estão voltando ao estado natural de selvageria.

E quanto a "guerra", sempre há um motivo plausivel (por terrível que seja admitir isso). Afinal, como disse George Orwell: "Guerra é Paz"!

=)